Parentalidade atípica: amor, rotina e força. A história de Fernando e Rafael é também a história do movimento apaeano.

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Feapaes-ES
08 de agosto de 2025
Neste Dia dos Pais, o movimento apaeano celebra todos os pais atípicos que, com amor e coragem, seguem firmes ao lado de seus filhos e reafirma seu compromisso com cada família que busca acolhimento, inclusão e respeito.
Toda segunda e quinta-feira, antes do sol nascer, Fernando Aquino dos Reis e Rafael Guimarães da Silva Reis já estão de pé. Eles acordam tão cedo que, segundo o próprio Fernando, pai do Rafael, “a gente que acorda o galo”, para chegar à Apae da Serra com disposição e alegria. O trajeto, feito de ônibus, virou um ritual: pai e filho conversam, riem e compartilham expectativas sobre o dia. E na volta, o Rafael conta as novidades com empolgação: “ele fala da capoeira, da arteterapia, dos colegas e até dos namoros que observa por lá”, conta Fernando.

É nessa rotina amorosa, construída com cuidado e presença, que Fernando vive sua experiência como pai atípico. Rafael é uma pessoa com deficiência intelectual e encontra na Apae da Serra um espaço de acolhimento, desenvolvimento e autonomia. Já Fernando encontra apoio, orientação e segurança para seguir firme em sua jornada.

“Ser pai do Rafael é um privilégio. Ele me ensina todos os dias a ser uma pessoa melhor. E a Apae é uma parceira nesse caminho, a cada evolução dele, meu coração se enche de alegria e gratidão”, compartilha Fernando, emocionado.

O que é ser um pai atípico
Pais e mães atípicos são aqueles que têm filhos com deficiências, síndromes ou condições que demandam um cuidado e atenção diferenciados. Eles ajustam suas rotinas, aprendem novas formas de comunicação, enfrentam preconceitos e, muitas vezes, se tornam os maiores defensores dos direitos dos seus filhos. São famílias que vivem intensamente a parentalidade, com doses extras de resiliência, coragem e amor.

“Ser pai ou mãe atípico é pesquisar, estudar, defender e construir pontes para nossos filhos. Não é apenas cuidar! Ser uma família atípica é viver em constante adaptação e o movimento apaeano é, há quase 70 anos, o maior aliado dessas famílias”, afirma Maria das Graças Vimercati, presidente da Federação das Apaes do Espírito Santo (Feapaes-ES).

O papel do movimento apaeano
A Apae (Associação de Pais e Amigos dos Excepcionais) nasceu em 1955 como resposta da sociedade civil à ausência de políticas públicas para pessoas com deficiência. Desde então, cresceu, se organizou em nível nacional e se tornou o principal movimento brasileiro de defesa de direitos e prestação de serviços especializados a esse público. Atualmente, as Apaes atuam em três frentes fundamentais: educação, saúde e assistência social, além de promoverem o acesso à cultura, ao esporte e ao lazer.

No Espírito Santo, a Feapaes-ES coordena as ações das Apaes municipais, fortalece a atuação local e representa politicamente essas instituições na luta por políticas públicas inclusivas com a missão de melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência e apoiar suas famílias. E isso só é possível por meio do trabalho diário, colaborativo e comprometido de profissionais, voluntários, dirigentes e, claro, das próprias famílias atendidas.

Amor que move e transforma
Histórias como a de Fernando e Rafael mostram que ser pai atípico é viver uma paternidade profunda e transformadora. É estar presente não apenas nos compromissos médicos e terapias, mas também nos pequenos momentos como ouvir no ônibus o filho contando que, na aula de capoeira, ele deu um passo a mais.

Neste Dia dos Pais, o movimento apaeano celebra todos os pais atípicos que, com amor e coragem, seguem firmes ao lado de seus filhos e reafirma seu compromisso com cada família que busca acolhimento, inclusão e respeito.